Perigo!
Por Alexandre Honrado
Corremos muitos perigos. Que o fascismo volte, que volte aquele primeiro-ministro que punha na linha das decisões e da conduta as pessoas em último lugar…
Corremos o risco de a esquerda fazer os erros do costume e da direita, que é o erro do costume, fazer o que já fez no passado, atirando-nos a todos para a sarjeta.
Sabe-se que a direita retém e a esquerda reparte, mas também se sabe que há, dos dois lados, uma cáfila de pulhas. Não se é isento só porque se está de um lado. Pior ainda, sabe-se que as ideologias faliram e que a falta de princípios ganhou um espaço impudico. Manipulam-se imagens, frases, horrores e a Humanidade amedronta-se. Uns, cheios de medo, criam partidos medrosos – tenho medo do papão, preto, cigano, comunista, culto, corajoso – , outros cheios de medo creem nos partidos medrosos.
Infelizmente, não somos mnésicos, mas enfermos das nossas amnésias. Por isso há quem conspire nas trevas para voltar um dia como se a lucerna de azeite fétido e rançoso fosse uma nova luz libertadora. É assustador, entretanto, saber que há vozes encantatórias, herdeiros dos sons aflitivos da flauta de Hamlin – o extraordinário conto folclórico escrito pelos irmãos Grimm baseado numa aparente história real passada na Alemanha do final do século XIII. Um homem tinha uma flauta que encantava. Encantou ratos destruidores, levou-os ao rio e afogou-os. Mas depois quis ser pago e bem pago, e como não lhe correspondessem, encantou todas as crianças que encontrou pela cidade de Hamelin e arredores. Iria afoga-los no Rio Wesser, se não lhe obedecessem. Estamos a seguir flautas da morte? O pequeno ditador do Algueirão até já tem um gnomo amestrado que lhe dá os parabéns e dança em bicos de pés, tal Angelina Bailarina (exemplo que me parece importante já que falo de ratos e coelhos, dos que se afagam, afogam, nos afetam).
Corremos perigo e sabemos onde nasce e de onde vem.
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